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Ano Internacional do Planeta Terra
No passado dia 12 de Fevereiro, arrancaram
oficialmente as comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra sob a égide
da UNESCO .
Trata-se,
na verdade, de uma iciativa com uma duração de três anos, ao contrário do que
costuma acontecer, e justifica-se perante as múltiplas ameaças que pairam sobre
o planeta azul mas, sobretudo, justifica-se por aquilo que já está a acontecer,
desde a perda de biodiversidade, desflorestação, efeito de estufa, alterações
climáticas globais, degelo nas camadas de gelo permanente (permafrost), alterações
perigosas na qualidade da água, ar e alimentos, frequência acentuada de
acontecimentos climáticos extremos, passando pela escassez e aumento dos preços
dos alimentos de base, desastres ambientais, enfim, um negro rol, que se
poderia prolongar aqui indefinidamente.
O Ano Internacional do Planeta Terra é uma iniciativa que
partiu da União Internacional das Ciências Geológicas, representando 250 mil
geocientistas de todo o mundo e que pretende promover a importância, não só das
ciências da terra em todos os quadrantes da sociedade, mas sobretudo alertar
para a premente necessidade da tomada de consciência pública para os tempos que
se avizinham. Das pequenas medidas da vida quotidiana, à macropolítica, é
necessário avisar e esclarecer que este é já um problema actual, nosso, não que
acontecerá num qualquer futuro distante ou entre povos alienígenas.
É nesta perspectiva que o Mercúrio.ESFFL se associa ao
evento, procurando contribuir, ainda que modestamente, para a
consciencialização de um problema que, mais do que político ou económico,
constitui-se como um problema eminentemente ético, implicando aquilo que
podemos designar de “consciência ecológica”.
Alguns Números
População: em termos globais somos hoje
6, 649 mil milhões. O ritmo de crescimento tem sido cada vez menor, mas ainda
se mantém muito elevado. Mesmo com a introdução de variáveis de desaceleração
(controlo de natalidade na China, diminuição de partos viáveis nos países em
vias de desenvolvimento, etc.), prevê-se que a este ritmo de crescimento em
2025 sejamos 9 mil milhões, dos quais 70% viverão em zonas costeiras.
Biodiversidade: A lista vermelha das
espécies em risco da União para a Conservação Mundial divulgada
em Setembro inclui 29.372 espécies de animais e 12.043 de plantas. Do total
16.306 estão actualmente ameaçadas de extinção. 65 espécies já só se encontram
em cativeiro ou cultivadas. Desde 2005, início dos registos a nível global,
desapareceram da face da Terra 785 espécies. Só na Nova Guiné, e ainda durante a década
de 90 do séc. XX, 18 espécies de batráquios extinguiram-se por efeito das
alterações ao nível da temperatura e diminuição da precipitação média. Este
dado tornou-se importante pois, à semelhança de algumas espécies de aves e
insectos, os anfíbios de zonas interiores húmidas são os que mais rapidamente
são afectados pelas alterações dos fenómenos climáticos, como por exemplo, a antecipação da Primavera.
Desflorestação:
Na maior floresta tropical do mundo foram desflorestados, entre 1977 e 2007,
perto de 570 mil Km2 de verde tropical. Para termos uma ideia, é o equivalente
à área da península ibérica. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE), organismo que vigia a desflorestação brasileira, divulgou que cerca de
7 mil Km2 de área arborizada (quase uma vez e meia a área do Algarve!), foram
devastados entre Agosto e Dezembro de 2007. Se a isto juntarmos as
desflorestações que se têm intensificado nas florestas do Zaire, Congo, Bornéu,
Nova Zelândia, Austrália, Indonésia, China e Índia (só para citar os casos mais
conhecidos) ficaremos com uma ideia do flagelo que assola o planeta – principalmente
quando muitas destas desflorestações são feitas com recurso às “queimadas”, um
modo frequente para desflorestar áreas muito extensas para posterior utilização
agro-pecuária. O que, para além de diminuir a capacidade de retenção de CO2 na
terra por via da eliminação das árvores, ainda contribui mais para o aumento da
concentração desse gás na atmosfera por via da sua libertação na queima das
árvores.
Cidades:
Calcula-se que em 2050, e mantendo-se as variáveis de crescimento actual, cerca
de 85% da população mundial viva em cidades. Actualmente,
com 12 milhões de habitantes Bombaim é a cidade mais populosa do mundo.
Segue-se a brasileira São Paulo com 11 milhões e Shangai/Xangai com 10,9
milhões de habitantes. A maior área urbana do mundo é Tóquio, com 35,7 milhões,
seguida da Cidade do México com 19,4 milhões de habitantes.
Tratam-se de áreas de altíssimo consumo energético,
com a agravante do seu crescimento galopante estar a contribuir para a
diminuição drástica dos terrenos aráveis a nível global. Só na China espera-se
que cerca de 20% dos terrenos aráveis desapareçam até 2030; 15 a 20% na Índia; 20 a 30% no Brasil.
Alimentos: Com a diminuição drástica
dos terrenos aráveis à escala mundial, juntando o aumento da temperatura e a
escassez de água que aceleram o processo de desidratação dos solos e o
consequente alastramento das zonas desérticas, e ultimamente com a corrida
desenfreada aos produtos agrícolas destinados à produção de biocombustíveis,
estão criadas as condições para se proporcionar uma carestia alimentar de que
não há memória. As recentes escaladas dos preços dos cereais e produtos
derivados, são apenas sintomas do aumento do desequilíbrio entre a procura e a
oferta, sendo que as populações mais pobres já começam a sofrer as
consequências.
Fontes:
UNESCO
FAO
Greenpeace
Jornal
Público (8/Fev/08; 12/Fev/08; 16/Fev/08).
Jornal
Expresso (9/Fev/08; 16/Fev/08).
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